O samba pernambucano já teve momentos de mais visibilidade, sobretudo no início dos anos 2000, quando o produtor Jair Pereira promovia um projeto com sumidades do samba carioca, Monarco, Nei Lopes, Velha Guarda da Portela, em apresentações com participações de sambistas locais, a exemplo do pessoal do Mesa de Samba Autoral. E ainda Karynna Spinelli com o Clube do Samba. A Mesa e o Clube continuam mas com pouco espaço. A imprensa enfatiza o que está em evidência, novas tendências. Por outro lado, o samba feito em pernambucano é ignorado pelo rádio, que continua sendo de grande importância na popularização de discos e artistas.
E aqui se faz samba de qualidade, com ótimos intérpretes, músicos, compositores. É o que ratifica o álbum Samba no Ponto, de Tony Nogueira, que será lançado nesse sábado 1º de abril, às 17h, no Manhattan (Francisco da Cunha, 881 – Boa Viagem), com participações de convidados especiais. Tony Nogueira começou no final dos anos 90, mas somente agora estreia disco solo, em que mescla o samba pernambucano com o carioca, num estilo que lembra nomes como João Nogueira ou Paulinho da Viola.
Gravado no Estúdio Gurgel, entre 2019 e 2022, Samba no Ponto reúne um invejável time de instrumentistas e vozes. No coro há nomes bem conhecidos como Claudia Beija ou Kely Rosa, entre os 14 músicos convidados estão, entre outros, George Aragão (piano), Marcos César (bandolim), João Paulo Albertim (cavaquinho) ou Beto Hortiz (acordeom). A banda base é formada por Jorge Simas (violões de 6 e 7 cordas), Daniel Coimbra (cavaquinho), Ricardo Sarmento e Renato Nogueira (percussões).
Tony Nogueira assina uma faixa Partiu Partiu (com Jorge Simas), as demais foram pinçadas da obra de autores feito Rui Ribeiro, autor local de repertório consistente; São dele dois dos sambas do disco, Para Enganar o Coração e Divina. Outra presença local no álbum é a de Jorge Simas, autor de O Sonho Naufragou (com o grande Mauro Diniz), Ato de Amor (com Nilton Barros), sendo também o responsável pelos arranjos, a produção e a direção musical.
O Sonho Naufragou é um dos destaque do disco de Tony Nogueira, um samba no estilo Paulinho da Viola. Outro destaque é Clara, Clareia, Clareou, parceria de Ademir Soares e José Ubida, homenagem a Clara Nunes. De um pouco conhecido disco de Délcio Carvalho, Profissão Compositor (de 2006) Tony Nogueira pinçou uma preciosidade quase inédita, Eu Vou Partir (de Délcio Carvalho e Wilson das Neves). São dez sambas comprimidos em 41 minutos, com interpretação impecável de Tony Nogueira para composições igualmente inspiradas.
Pernambuco me faz lembrar de forró e frevo,bom saber que também se faz samba.
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