U2 torna-se banda cover de si mesmo no álbum Songs of Surrender, também título de biografia do grupo escrita por Bono.

A pandemia continua rendendo discos. O mais recente, e mais badalado, é Songs of Surrender, do U2, que também é titulo de uma biografia do grupo,  escrita pelo vocalista Bono Vox. Cada capítulo tem o título de uma canção do grupo. O álbum é um projeto do guitarrista The Edge, nascido durante o período de isolamento social, quando ele decidiu reouvir a obra do U2, e regravar parte das canções Para isto convidou Bono, e contou com participações  do baterista Larry Muller Jr, e do baixista Adam Clayton.

Na prática é um disco de The Edge de covers do U2, quase o grupo sendo cover de si mesmo. Mullen limitou-se a gravar várias linhas de baixo para The Edge utilizar como achasse melhor, enquanto Adam Clayton nem precisou gravar nada. Foram reaproveitadas sobras de gravações de sua bateria dos arquivos da banda. The Edge selecionou canções  de quase todos os discos do U2, regravadas com outra instrumentação, alterando trechos de letras. Curiosamente não escolheu nenhuma de October (1981).

Não se esclarece se foi The Edge ou Bono Vox que aplicou princípios do politicamente correto em algumas canções. Walk On, por exemplo, do álbum All That You Can’t Leave Behind, na época, 2000, foi dedicada a presa política Aung San Suu Kyi, do Mianmar, Prêmio Nobel da Paz em1991. A dedicatória foi  cancelada porque, depois de ser libertada, e assumir o governo do seu pais, Aung San Suu Kyi, fez vista grossa para o massacre de uma minoria étnica muçulmana no Noroeste de Mianmar, perseguiu jornalistas, e cometeu outras violações dos direitos humanos. Na regravação, Walk On recebeu o subtítulo (Ukraine), e foi dedicada ao presidente Volodymyr Zelenskyy.

Um disco que deve agradar aos fãs incondicionais do U2, que irão reouvir canções com outros trajes, quase como um bootleg oficial. Porém é um álbum que não faria falta se não fosse feito, mas muito longe de  causar polêmica, como  o Songs of Innocence, de 2014, o maior tiro no pé da história do rock. Bono Vox era muito amigo de Steve Jobs. A Apple pretendeu reinventar o mercado da música. O novo álbum do U2 foi enviado gratuitamente aos cerca de 500 milhões de possuidores de iPhones.

Não se levou em conta que nem todos apreciavam rock and roll, e muitos não concordavam em receber arquivos sem que dessem permissão para tal. Boa parte considerou o disco um spam indesejável. Desse álbum, The Miracle (of Joey Ramone) é uma das faixas de Songs of Surrender, que, elogiemos, recebeu um competente tratamento mercadológico. O álbum não apenas é disponibilizado em todos os formatos, como também com conteúdo diversos, que vão de 16 a 40 faixas. 12 LPs, em cores diferentes, trazem repertório igualmente diferentes, colecionadores de vinil caíram em cima. Songs of Surrender  é o álbum de vinil mais vendido nos  EUA, segundo a Billboard. 42 mil unidades na primeira semana de lançado (em vinil, CD, cassete e digital). Tornou o U2 um dos quatro nomes a ter disco entre as dez mais do paradão em todas as décadas desde 1991.

Songs of Surrender forma uma espécie de trilogia, iniciada com o malfadado Songs of Innocence, e Songs of Experience, de seis anos atrás.

  

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