Sugestão para pesquisadores, a história do compacto de vinil no frevo. Tarefa árdua. Já entrei por esta seara antes, e não faz muito tempo. O formato surgiu no frevo nos anos 60, boa parte custeada por compositores que não tinham vez na Rozenblit, nem em gravadoras do Sudeste, que concorriam com a gravadora pernambucana no mercado da música carnavalesca. Compositors faziam uma vaquinha e pagavam para ter seus frevos gravados. Criaram-se assim muitos selos para as chamadas gravações particulares, os primeiros discos independentes.
Nos anos 70, quando a empresa dos irmãos Rozenblit entrou em parafuso, o estúdio ocioso ajudava a pagar as contas com disquinhos de jingles, e as chamadas gravações particulares, cuja demanda aumentava carnaval. Aliás, só o estúdio não. A Rozenblit era dotada de uma fábrica de discos de vinil e de uma boa gráfica.
Centenas de compactos foram produzidos na Estrada dos Remédios, onde se localizava a Fábrica de Discos Rozenblit, grande parte tornou-se raridade. Muitos devem ter se estragado na casa dos que os encomendaram por falta de compradores. Da segunda metade da década de 70, as rádios só tocavam frevos do passado, com um ou outro que conseguia emplacar graças à tenacidade do compositor.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com o frevo canção Ninguém Segura o Sport, de Rogério Andrade, composto em 1975, quando o rubro-negro quebrou um longo jejum de título estadual, e lançado em disco em 1977, num compacto duplo, o Hino do Bafo do Leão (Jovino Falcão), Hino do Sport (Jovino Falcão), e Hino do Cinquentenário (Walter de Oliveira). Cantado por Francisco de Assis, com o coral Madrigal Bafo do Leão e a orquestra do maestro Duda, frevo virou um hino não oficial do Sport: “Este ano o nosso time/vai ser mesmo campeão/todo mundo vai cantar e dizer/ninguém segura o Sport não”.
Do mesmo ano é outro compacto raro, A Pitombeira, de Roberto Antonio que interpreta quatro frevos do pai dele, Agenor Antonio do Nascimento. O disquinho tem uma capinha tosca, que é uma característica dos discos de frevo da época. .A intenção do compositor era ter sua música gravada, o resto era na base do “deixa que eu chuto. As capinhas que ilustram o texto dispensam palavras.
Dos quatro frevos do A Pitombeira, destaque para Minha Vizinha, de letra feminista, numa época em que mulher em música carnavalesca era cantada pela beleza física, ou pelo temperamento bélico. A letra:
D um talho, no bolso dele/minha vizinha/faça um pintozinho com fé/não tem um homem que preste/minha vizinha/todos enganam a pobre da mulher.
Homem só presta liso/minha vizinha/varre a casa, lava os pratos/minha vizinha/ o homem liso é uma fábrica de carinho”. Esta merecia tocar no rádio.
A introdução lembra Gal Costa cantando Moraes Moreira.
CurtirCurtir