Menina Veneno aos 40 anos, ou o boicote sofrido por Ritchie por não ter participado de uma caravana do Chacrinha

O aniversário de 40 anos de Menina Veneno (parceria de Ritchie com Bernardo Vilhena), e do álbum Voo de Coração, que fez do inglês Ritchie a o maior vendedor de discos do país, me levou a repostagem deste texto, publicado seis anos atrás na minha coluna Toques, no JC online. Um trecho foi pinçado de uma entrevista que fiz com Ritchie, em 2009.

Todos nós temos um pouco de jabaculê

 O título é o mesmo da nota principal do Jornal do Chacrinha, coluna do apresentador no jornal Tribuna da Imprensa, edição de 30 de janeiro de 1975. Abelardo Barbosa, que completaria cem anos hoje, jogava aberto. Ele promovia artistas, de todas as alas, desde que acreditasse que a música faria sucesso (tinha faro quase infalível para tal). Por sua vez, ai do artista que se recusasse a participar de suas famosas caravanas, em que reunia bandas, cantores e cantoras em evidência e circulava pelos subúrbios e cidades do estado do Rio (às vezes até outros estados). Os shows na base do playback.

Ritchie, no auge do sucesso, deixou de comparecer a um desses compromissos e foi riscado do mapa. Entrevistado por mim, em 2009 (quando relançou o álbum Vôo de Coração), Ritchie atribuía seu “desaparecimento” não a Chacrinha (que considerava “um pai”), mas ao filho dele, Leleco Barbosa, diretor geral do programa: “O problema não foi com ele, e sim com Leleco, o filho, que me jurou de morte musical. Com isto morreu minha carreira. E não foi nem por eu não querer fazer show para ele, e sim por não poder. No dia desta caravana, tinha show marcado em Belo Horizonte, e com uma grande multa contratual se faltasse. Leleco não quis saber. Fui banido da TV. O pior foi que ele ainda plantou uma nota na Contigo dizendo que Eu me recusava a me apresentar com artistas brasileiros”

Chacrinha falava abertamente do jabaculê (ou “jabá”, grana distribuída por gravadoras, ou produtores, com jornalistas, radialistas, apresentadores de TV para “bombar” discos dos seus contratados). “Certa vez, em entrevista no programa Preto e Branco, que marcou sucesso na televisão, eu respondi ao Sargentelli que todo mundo do disco se vende, inclusive eu, e o próprio Sargentelli. De uma boa grana ninguém escapa. Sim, o negócio é desonesto mas, infelizmente, é o que mais existe por ai. Está quase todo mundo no bolso das fábricas, burrinho é quem não está. Se fizerem um balanço da coisa  não sobra um cara que não leve grana das gravadoras. Está todo mundo nessa fiquem sabendo”

2 comentários em “Menina Veneno aos 40 anos, ou o boicote sofrido por Ritchie por não ter participado de uma caravana do Chacrinha

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