“Uma das manifestações culturais de grande popularidade e importância em Pernambuco e no Nordeste acaba de ganhar um Plano de salvaguarda. O Maracatu Nação, bem imaterial inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em dezembro de 2014, agora possui o documento fundamental que apresenta as iniciativas de proteção de maneira estratégica, os objetivos e o planejamento de ações a serem desenvolvidas a curto, médio e longo prazo a fim de promover um amplo alcance da política de salvaguarda.”.
O trecho entre aspas, pinçado de um release da assessoria de comunicação da Secult. Divulgando o Plano de Salvaguarda do Maracatu Nação, produzido com apoio da Fundarpe. Chega em boa hora. Umas semanas atrás comentei, acho que numa reunião de um projeto, como o maracatu nação vem tendo cada vez mais menos visibilidade em Pernambuco.
Já há alguns anos, quando se fala, aqui, e lá fora, em maracatu, quase sempre se trata do maracatu rural, o de baque solto, que até os anos 90 foi o patinho feio da cultura popular pernambucana. O que o trouxe de volta à mídia foi, sem dúvida, o fato de Chico Science, vez por outra, trajar a indumentária vistosa de caboclo de lança nos shows com a Nação Zumbi, inclusive na estreia internacional da banda, no Central Park, em Nova Iorque, em 1995.
Naquela década ambos os maracatu foram prestigiados pelas autoridades de cultura do estado, e despertaram o interesse dos produtores culturais. Como são intrinsecamente ligadas ao maracatu rural, as demais manifestações da Zona da Mata também foram valorizadas, até chegar a exuberância e prestígio que desfrutam nos tempos atuais.
O maracatu nação teve uma retomada nos anos 90, motivada pelas apresentações do Maracatu Nação Pernambuco, no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, e pelo uso dos tambores, ou alfaias, na percussão do Chico Science & Nação Zumbi. Depois que perderam o palco da abertura do Carnaval do Recife, em 2016, com a morte de Naná Vasconcelos, o maracatu de baque virado perdeu também espaço na mídia. Oportuno, pois este Plano de Salvaguarda, de uma das mais antigas manifestações culturais afro-brasileiras, cujos primeiros registros, em Pernambuco, datam do século 18.
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