Capiba tem quase mil páginas de partituras restauradas e digitalizadas
O compositor Lourenço da Fonseca Barbosa, conhecido como Capiba (1904/1997), é louvado como um dos mais importantes autores de frevos canção. Porém sua obra vai muito além do frevo. Ao longo dos seus 93 anos, ele compôs compulsivamente, indo do samba, ao tango, passando pelo foxtrote, maracatu canção, até o erudito. Parte desta obra foi gravada. Porém muitas composições continuam inéditas. Este precioso acervo corria o perigo de se perder, ou ser danificado pelo tempo, algumas partituras, transcritas a mão pelo compositor, têm mais de cem anos. Felizmente as partituras foram preservadas e digitalizadas.
As partituras originais de Capiba, restauradas e digitalizadas, vão ser entregues, nesse 20 de abril, ao Acervo Capiba, cuja guarda está com Zezita Barbosa, viúva do compositor. A entrega acontece em Surubim, cidade natal de Lourenço da Fonseca Barbosa. Capiba Preservação e Difusão é o nome do projeto realizado pela Página 21, produtora sediada em Recife-PE, com a Associação Cultural Capiba, cujo atual presidente, Lucas Guerra, tem mestrado na obra de Capiba na UNIRIO.
“Esta foi uma etapa. O que estamos fazendo agora é devolvendo as partituras físicas, que foram conservadas, estavam num estado bem ruim, fizemos um trabalho de preservação em todas elas. Agora vamos começar a operacionalizar o site, no qual o acervo será disponibilizado”, esclarece Amaro Filho, da Página 21. Entre as partituras há composições de início de carreira, entre estas o fox-trote Canções que a Vida me Ensinou, de 1925, ou da fase em que ele musicou poemas de grandes nome da poesia brasileira, Poema de Uma Quarta-feira de Cinzas, de Manuel Bandeira (que ilustra a matéria)
VERSATILIDADE
A menor parte da obra de Capiba é de músicas carnavalescas, embora ele seja sempre citado como um dos grandes autores de frevo, o que é verdade. Foi também um compositores mais bem sucedidos no gênero. Mas compôs os mais diversos gêneros. Foi com um tango argentino, Flor das Ingratas, que venceu, em 1929, o primeiro concurso, da revista carioca Vida Doméstica. No ano seguinte, com um samba, Não Quero Mais, ficou em segundo lugar num concurso promovido pela gravadora Odeon (Ary Barroso levou o primeiro lugar).
Além de sucessos nacionais como Maria Bethânia, lançada por Nelson Gonçalves, em 1945, ou A Mesma Rosa Amarela (com Carlos Penna Filho) gravação original de Claudionor Germano, em 1960, Capiba compôs em profusão músicas por encomenda para musicais, peças teatrais de autores locais. Em parceria com Ariano Suassuna classificou músicas nos principais festivais dos anos 60, incluindo o da TV Record, em 1967. Nos anos 30, foi igualmente prolífico autor de maracatus canção (vários desses com o poeta Ascenso Ferreira).
No início dos anos 50, Capiba estudou arranjo e orquestração com o maestro César Guerra-Peixe, que trabalhou no Recife, entre 1949 e 1952, contratado pela Rádio Jornal do Commercio. Ele então se direcionou para a música erudita, chegando a dar entrevista afirmando que não faria mais frevos. Pouco dessa fase foi gravada. Alguma anos mais tarde, seriam incorporada ao repertório do Armorial. Há muito em Capiba, felizmente preservado e que logo estará disponível na web.
TelesToques 
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