Caixa Cubo, trio paulistano de jazz, lança Agôra, disco em que reprocessa o groove dos anos 70 com suculento tempero africano

Incensado pela crítica lá fora, ilustre desconhecido no Brasil, o trio paulista Caixa Cubo lança Agôra, pelo selo alemão Jazz & Milk, de Munique, onde o álbum foi gravado. Definido por um jornalista inglês como uma mistura do groove brasileiro dos anos 70, de bandas feito a Azymuth, e o Herbie Hancock, do grupo Headhunters. É por aí, porém o Caixa Cubo é mais que isto, tornando a definição até reducionista.

Se em faixas como Sábado, com a voz de Zé Leônidas, o groove remonta aos anos 70, a faixa anterior, Ndiyakhangela, acrescenta uma percussão afro-brasileira com as vozes sul-africanas de Bongani Givethanks e Mpho Nkuzo. Africano de Gana, o cantor Eric Owusu, do Jemba Groove (grupo africano que atua na Alemanha) está em Asase, que abre o disco, música que atualiza o samba suingado e jazzificado, tendência na MPB no inicio dos anos 70 (quando o Azymuth entrou em cena). A faixa título tem viés para a sonoridade da banda de Miles Davis na sua fase fusion, puro jazz com generosas porções de percussão, com o protagonismo do trompete de Matthias Schriefl.

 Formado por Henrique Gomide (piano), João Fideles (drums) and Noa Stroeter (bass), o Caixa Cubo agregou muitos convidados a Agôra. A baiana Xênia França e o paulista Zé Leônidas cantam em Dreams, balada soul à Stevie Wonder. A instrumental Caio & Eric é uma das que mais se aproximam do Azymuth. Leônidas é o intérprete de mais uma faixa, Carrossel, outra balada. Rebekka Ziegler canta Oblique Sunshine, que fecha do disco, composta por ela e pelo tecladista Henrique Gomide.

 Das nove faixas, três levam apenas a assinatura dos integrantes do trio. As demais foram criadas com parceiros, entre estes o contrabaixista Rodolfo Stroeter, de longa folha de serviços prestados à MPB. Ele é pai do também baixista Noa Stroeter, e parceiro do trio em Carrossel e Dreams. O grupo, que completa duas décadas, tem mais estrada no exterior do que no Brasil, o que é até curioso, pela qualidade dos músicos e da música. Agôra é o seu oitavo disco. Um trabalho que é um primor de síntese. Gomide, Fideles e Noa decupam as composições ao essencial. As nove faixas somam apenas 29m39s.

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