Frevo, meu bem – A inovadora Valsa Verde foi o cartão de entrada de Capiba na cena musical do Recife em 1931.

“Voltando à conversa da Jazz Band Acadêmica de Pernambuco, lembro-me de que a sua apresentação, oficialmente, foi na Festa da Esmeralda, festa esta organizada pelos estudantes de medicina de então, e onde eu lançava, na noite do baile a rigor, uma valsa executada pela mencionada jazz, com letra do então acadêmico de medicina, Ferreyra dos Santos, com o estranho nome de Valsa Verde, cantada no momento, pelo então acadêmico, Vicente de Andrade Lima, elemento do conjunto. Essa valsa foi meu cartão de visitas aos recifenses.

Estava lançada a Jazz Band Acadêmica de Pernambuco como orquestra, e eu como compositor, muito embora já viesse de outras vitórias no campo da música, mas esta era a mais importante para mim. Não havia nessa paróquia de meus Deus quem não cantasse ou assobiasse essa melodia que fugia às normas gerais das valsas daqueles dias”

O trecho entre aspas foi transcrito de O Livro das Ocorrências, autobiografia de Lourenço da Fonseca Barbosa, ou melhor, o compositor e pintor Capiba (1904/1998). Os sambas, as valsas chegaram para Capiba antes do frevo, por cuja seara ele enveredou em 1934, com É de Amargar, um dos maiores sucessos de sua extensa obra, com que venceu um concurso de música carnavalescas naquele ano.

Porém seu primeiro grande “hit” foi Valsa Verde. Naqueles tempos em que se os autores do Recife tinham poucas músicas gravadas, e sempre no Sudeste por um intérprete, na maioria das vezes do Rio, aferia-se o sucesso de uma música pela quantidade de partituras eram vendidas nas lojas de instrumentos musicais ou nas livrarias. E a partitura de Valsa Verde esgotou várias edições. Não apenas no Recife, como no Norte inteiro. Naquele tempo “Norte” abrangia o Norte e o Nordeste, assim como Sul, referia-se ao Sul e Sudeste.

Valsa Verde foi lançada em disco, pelo cantor carioca Silvio Salema, em 1932, como selo da Parlophon. Foi lado B de um 78 rotações que trazia no lado A Onde Está o Meu Amor, samba de Capiba em parceria com João Coelho Filho. Ao longo dos anos, Valsa Verde é regravada, não tanto o quanto merece. Sua gravação mais recente, é de 2004, foi feita por Gonzaga Leal e Olívia Hime. A segunda gravação deste clássico aconteceu em 1958, pelo maestro Guerra-Peixe. Voltou a receber mais uma versão em 1961, no disco Apresentando Simpatia.

Em 2002, ganhou uma interpretação antológica, de Paulinho da Viola e Raphael Rabelo (do disco Mestre Capiba – Por Raphael Rabello e Convidados). Está a merecer novas versões pela nova geração de intérpretes e instrumentistas que atuam em Pernambuco. Por sinal, em dezembro de 2009, Zé Manoel incluiu Valsa Verde no repertório de um show na Praça do Arsenal.    

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