No Japão, os 60 anos de Garota de Ipanema foram celebrados muito mais do que no Brasil. Aliás, nem foram celebrados, com uma ou outra homenagem. A canção foi composta por Tom Jobim e Vinicius de Moraes em 1962. No mesmo ano foi lançada por Pery Ribeiro. A gravação de Astrud Gilberto é de 1963, mas o álbum Getz/Gilberto só chegou às lojas em 1964.
O sucesso americano de The Girl From Ipanema, na voz de Astrud Gilberto, com o sax de Stan Getz o violão de João Gilberto, o piano de Tom Jobim, levaria a música circular mundo afora. Seria, depois de Yesterday, de Paul McCartney, a canção mais regravada do século 20.
Parece ser este o detalhe que os nipônicos quiseram enfatizar na compilação Garota de Ipanema (Girl From Ipanema) – La Ragazza DI Ipanema, seleção com 67 fonogramas de versões em português, inglês, espanhol, italiano e japonês, do clássico de Tom e Vinicius.
Cher, Al Jarreau, Ella Fitzgerald, Stéphani Grappelli, Marlene, Walter Wanderley, Archie Chepp, Chris Montez, Oscar Peterson, Goro Ito, Four Tops, Tom Jobim, são alguns dos artistas que cantam Garota de Ipanema no álbum.
A carioca Helô Pinheiro, que seria a musa inspiradora de Tom e Vinicius, em 2023 completa 78 anos. Em 62, estava com 16. Tom Jobim tinha 35, e Vinicius de Moraes. 49 anos. Os dois bebericavam no Veloso, e teciam elogios à adolescente linda loura, quando está passava num doce balanço a caminho do mar. Hoje poderia dar problema se rolasse uma denúncia de assédio.
Para uma belíssima canção uma belíssima moça, e uma bela história. Mas tem uns senões aí. Tom é Vinícius eram notívagos, dificilmente estariam entornando uns chopinhos na hora em que Helô ia à praia. Depois, os parceiros trabalhavam a canção, sob encomenda, para um musical. Tom compunha ao piano. A melodia de Garota de Ipanema foi criada em sua casa, na Barão da Torre, em Ipanema. A letra foi escrita em Petrópolis, e depois reescrita, para que ficasse mais leve. É possível que os dois tivessem se dado conta da adolescente, que morava perto do bar, na rua então chamada de Montenegro, depois rebatizada de Rua Vinicius de Moraes. O bar Veloso, por sua vez, virou o Garota de Ipanema, point turístico do bairro.
Mas fica valendo a versão mais palatável. No final, quase todo mundo saiu ganhando, sobretudo um americano chamado Norman Gimbel, autor da versão em inglês, The Girl From Ipanema que, dizem, faturou com ela mais do que Tom e Vinicius.
Voltando ao disco, convenhamos, escutar 67 vezes a mesma música, num mesmo álbum, é gostar demais de Garota de Ipanema.
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