Um jantar com o traje mais informal possível: todo mundo nu

The Naked Lunch, O Almoço Nu, é um clássico da literatura beat, de Williams Burroughs, um grande escritor, mas de péssima pontaria. Durante uma carraspana, cismou de incorporar um Guilherme Tell. Colocou uma copo na cabeça de Joan, sua mulher, e tentou a acerta-lo com um tiro de revólver. Acertou na testa dela. O episódio aconteceu no México em 1951, ele se mandou pros Estados Unidos. Rolou umas tretas com a justiça mas não deu em nada. Burroughs alegou que foi um acidente enquanto manuseava a arma.

The Naked Lunch foi lançado em 1959, mas iniciado em 1953, ou seja, há 70 anos. O cito não por causa da efeméride, mas porque em Nova Iorque um restaurante pôs a literatura em prática. Incluiu no cardápio um jantar nu. Melhor dizendo, a comida servida a clientes nus. As pessoas pagam 88 dólares, vão ao estabelecimento gastronômico, e despem-se antes de adentrarem o salão em que são servidas as refeições.

Servem bebidas. Sem álcool. O que acho correto. Algum, ou alguma, cliente pode exagerar no vinho, e querer comer o que não consta do menu. Aliás, a comida nesse jantar nu é vegana, portanto nada de carne, nada animal, inclusive o comportamento. Li a matéria no New York Times, e nela não se explicita se os garçons ou garçonetes também servem às mesas sem roupas. Se não se despem, deveriam se despir, ou usar apenas um avental, pra entrar no clima.

Diz que esse jantar não dá pra quem quer. Mas não é bregueço pra tímido. O indivíduo vai sozinho, fica como veio ao mundo (um pouco mais hirsuto), entra no salão, vê aquele povo desconhecido, sem roupas, olhando pra nudez dele. Fica cheio de dedos, e não pode botar as mãos nos bolsos, um cacoete dos tímidos.
Eu não iria a um jantar assim. Primeiro porque que sou tímido, depois por causa de certos inconvenientes. Como esclarecer a senhora ao seu lado, por exemplo, que o calor que ela está sentindo não é defeito do ar condicionado, mas porque seus seios estão no prato de sopa. Em compensação, não se corre o perigo de manchar a a camisa, ou blusa, de molho ou de vinho tinto sem álcool.
Capaz desta moda de comer nu em restaurante chegar ao Brasil. Sugiro que se abrirem um que promova esta espécie de festa do cabide gastronomica, com glúteos e sem glúten (perdão pelo trocadilho infame), que não usem o mesmo nome do jantar do restaurante americano. Em inglês, chama-se The Füde Dinner Experience. Este “füde” aqui pode ser mal interpretado. Sugiro The Naked Dinner Experience.

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