Frevo, meu bem – Levino Ferreira conta como lhe veio a inspiração para compor o frevo de rua Vassourinhas no Rio

O compositor Levino Ferreira (1890/1970) compôs um frevo especialmente para a balada viagem do Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas, ao Rio, em 1951, convidado a se exibir no carnaval carioca. Levino assistia a um ensaio da orquestra (foto) que acompanharia o clube, regida pelo Tenente João Cícero, quando foi entrevistado pela reportagem do Jornal Pequeno, e contou como lhe veio a inspiração para criar mais aquele frevo: “Nessa música procurei empregar todos os meus sentimentos, toda minha alma de artista, toda a minha alegria, toda a minha satisfação antevendo desde já o espetáculo magnífico que o Vassourinhas oferecerá nas grandes avenidas da Cidade Maravilhosa. Implantando de uma vez por toda a nossa música e a dança típica no carnaval da Capital da República. {a música} nasceu como um sonho. Transportei-me em espírito para a Avenida Presidente Vargas, e vi o carioca abandonar as rodas de samba e aderir de corpo e alma à dobradiça, ao som dos acordes metálicos, às trombonadas e da melodia das requintas. Ao sair deste êxtase estava convicto da vitória do Vassourinhas e do frevo pernambucano. Peguei o papel e o lápis e comecei a escrever a introdução da marcha, a que denominei Vassourinhas no Rio”.

O maestro Levino, autor do que é considerado o mais belo dos frevos de rua, Último Dia, esclareceu que, já na introdução, procurou simbolizar a chegada do Camelo de São José ao Rio: “Escrevi esta parte da música como se estivesse assistindo a entrada do Vassourinhas na Capital da República. Concluída esta parte, foram-me inspirando os quadros imaginários que se pintavam na minha frente. Ora era o povo acorrendo em massa para as ruas que serviriam de itinerário de Vassourinhas, como se de um desfile militar, era o pandemônio que esta orquestra magistral regida por João Cícero, promoveria arrastando homens, mulheres e crianças para a onda do frevo. Foi vendo todo este espetáculo que escrevi este modesto frevo, minha modesta colaboração para esta excursão do nosso clube veterano”, garantindo que não compôs a música de olho no prêmio de um concurso promovido pela Rádio Clube de Pernambuco para escolher um tema para a viagem de Vassourinhas.  No entanto, ele se saiu vencedor do concurso, competindo com Capiba e Carnera. Estranhamente, só os três concorreram.

(o texto acima foi pinçado do livro Choro e Frevo – Duas Viagens Épicas (Página 21/Funcultura, lançado em fevereiro. Interessados, entrem em contato com Amaro Filho, pelo cel: 081 – 98871-9261) .

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