Crônica do domingo – Pizza, intolerância, e arame farpado

Pedi uma pizza hoje à noite. Demorou um pouco mais do que o normal. Quando o entregador chegou, em vez de subir, ele deixou na portaria. Meu filho desceu pra pegar a pizza, e perguntou por que o entregador não subiu. O porteiro disse que ela ficou com medo de entregar pessoalmente. O motivo? Tem levado esculachos de clientes quando demora a lhes trazer os pedidos.

Estas barbaridades tornam-se cada vez mais frequentes, só espero que não se banalizem. E as banalizacões estão acontecendo sem que as pessoas se liguem.
Dei uma passada por Setúbal semana passada. Fiquei chocado com a quantidade de cercas de arame farpado nos muros de casas e edifícios, boa parte acrescida de cercas eletrificadas. Ninguém que eu conheço comentou sobre arame farpado decorando a paisagem das moradias das pessoas.
Até dia desses, cercas de arame farpado serviam, na área rural, para evitar que o gado fosse pra pastagens outras. Também pra reforçar a segurança de muralhas de presídios. A mim, lembram campos de concentração. Anos atrás, o cineasta Kleber Mendonça denunciava a classe média abrigada em prédios com grades nas janelas, e muros altos (no curta Enjaulado, 1997). Dos muros e grades, pra cercas elétricas e arame farpado. Assim caminha a humanidade.

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