Omara Portuondo, a diva da música cubana, e do Buena Vista Social Club, lança disco novo aos 92 anos

Omara Portuondo foi descoberta para o mundo ao participar do documentário Buena Vista Social Clube. Estava com 67 anos na época. Considerava-se que  fosse seu canto de cisne. Pois, sim. Ela nunca foi tão atuante. Circulou pelo mundo. Com uma parada no Brasil, em 2008, onde gravou um disco com Maria Bethânia. Desde então ganhou quase todos os prêmios importantes da música, incluindo dois Grammy, com indicações a mais dois.
Aos 92 anos (93 em outubro) a cantora cubana acaba de lançar um álbum, intitulado Vida, com uma maioria de boleros. Contou com participações especiais de grandes nomes da música hispânica. Algum deles: Ruben Blades, Gaby Moreno(que produziu o disco) Natalia Lafourcade,  e Gonzalo Rubalcaba.
Mais um projeto surgido durante a pandemia. Cumprindo o isolamento social. Omara Portuondo resolveu se ocupar gravando mais um disco. Convocou os amigos, que colaboraram à distância.
Um trabalho que mescla entretenimento, nostalgia e engajamento. Este último na faixa Now, que reflete sua indignação pelo assassinato de George Floyd por policiais. A música foi lançada por Lena Horne, em 1963, durante as manifestações pelos direitos civis nos EUA. A  própria Omara Portuondo fez sucesso em Cuba com Now nos anos 70. Claro, a voz perdeu parte da potência, e do brilho, mas ela sabe até aonde pode ir, e continua belo seu timbre inconfundível. Destoa um pouco do clima do álbum, a faixa Se Feliz, uma balada blues, com o blueseiro americano Keb’ Mo’, único não hispânico do álbum.
Faixas como Silêncio ou No Puede Ser Feliz refletem a melancolia do lockdown, enquanto  Bolero a La Vida, com Gaby Moreno, Honrar a La Vida, com Ruben Blades e Gracias a La Vida, com Natalia Lafourcade, são canções de esperança.
Vida é um álbum conceitual de uma senhora com uma vitalidade exemplar, e que, aos 90 anos, enfrentou a pandemiacom a arma que a vida lhe deu: o canto.