Frevo, meu bem – Olho de Peixe, de Lenine e Marcos Suzano, completa 30 anos, é disponibilizado nas plataformas digitais, e ganha relançamento em vinil.

Nada de rock purista, funk cabeça, ou MPB de raiz quadrada. “Não sou pela ilha, eu faço a ponte. Meu negócio é o ecletismo, a dissidência, a MP do B. Mas sem essa conotação que anda por aí de misturar creme Rinse com abacate”. A frase que abre o texto é do crítico Tárik de Souza, do Jornal do Brasil. O comentário entre aspas, de Lenine. O ano 1993. A matéria sobre o disco Olho de Peixe, de Lenine e Marcos Suzano (então no Aquarela Carioca), lançado pela Velas (de Ivan Lins e Vitor Martins), o trabalho que alavancaria as carreiras dos dois.

Chegando aos 30 anos, Olho de Peixe, finalmente, está disponível nas plataformas de música digital, e ganha relançamento em vinil pelo selo NCR, da revista Noize.

“Foi fácil gravar porque a gente respira juntos, no mesmo compasso”, explicação de Suzano ao jornalista. “Deu tudo certo porque na verdade não sou um violonista, e sim um percussionista de violão”, explica-se Lenine. “A MPB predomina, mas o disco tem um pulso roqueiro”, define Tárik de Souza.

Coincidentemente, Olho de Peixe surgiu em concomitância com a sedimentação do manguebeat, sobretudo na música de Chico Science com o Nação Zumbi. Ambos, Lenine e Science, reprocessavam, ou recriavam os barulhinhos bons de Pernambuco, em alquimias bem pessoais. O público que frequentava A Soparia, a Galeria Joana d’Arc ou o bar Assembleia do Chope (onde hoje funciona o Bar Central), que curtia os mangueboys, captou a mesma sintonia em Lenine e Suzano. O disco tocava muito nos três lugares citados, mas foi ignorado pelas emissoras de rádio.

O “maracatu exaltação” (definição de Tárik) Leão do Norte (Lenine/Paulo César Pinheiro) tornou-se, com o passar do tempo, hino não oficial de Pernambuco. A maioria das faixas foi composta com parceiros que acompanhariam Lenine carreira afora, Bráulio Tavares, Dudu Falcão, Lula Queiroga, Ivan Santos. O disco catapultaria Lenine para o primeiro time da MPB, assim como deu um upgrade no status de Marcos Suzano para a linha de frente de instrumentistas brasileiros.

   

2 comentários em “Frevo, meu bem – Olho de Peixe, de Lenine e Marcos Suzano, completa 30 anos, é disponibilizado nas plataformas digitais, e ganha relançamento em vinil.

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  1. Em 1993 mudei de Salvador para S. Paulo para participar da construção de um grande projeto de engenharia em Sampa. Lá com a Tv a cabo conheci o canal MTV e um dia sapeando pelo canal, me deparei com o clip da música que dá nome ao disco: Olho de Peixe. A sensação foi bombástica. Aquele som era diferente de tudo que acontecia na música naquele momento. Corri para as lojas de CD e no Shopping Morumbi existia a Loja WiFi. Deu trabalho pois os vendedores não conheciam. Continuei insistindo e acabei mobilizando a loja na procura. Eis que um vendedor encontrou aquele CD de um tal de Lenine e Suzano. Ao chegar em casa, o CD virou uma trilha sonora da Família. Minha filha Marília tinha 3 anos na época. Hoje com 33 anos, esse disco contém a trilha sonora da vida dela até hoje. Um momento inesquecível do brilho de nossa música esse OLHO DE PEIXE (maiúsculo) . Já adquirimos o disco de vinil que chega em Setembro deste ano.

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    1. foi um disco que marco uuma geração aqui no Recife, que vivia naquela época a efervescencia do manguebeat, e embora soasse diferente do som dos mangueboys, havia mais converegências do que divergências entre Lenine e Chico Science

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