A Banda de Frevo Elétrico celebra a música de Carlos Fernando, e o projeto Asas da América, neste sábado no Paço do Frevo

 Enquanto no Recife os donos do frevo alertavam que os baianos queriam se apossar do da música pernambucana, com a versão eletrificada de Caetano Veloso (sem se darem conta que o frevo plugado animava as ruas de Salvador desde 1951, e com inspiração no Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas), um caruaruense chamado Carlos Fernando remodelava o gênero, compondo frevos que tinham a ver com aquela época. Um dos primeiros foi Pitomba Pitombeira, que não teria sido gravado na Rozenblit, porque não passou no crivo do tradicionalista Nelson Ferreira.

Seria lançado em 1975, pelo ainda pouco conhecido Alceu Valença, num compacto, da Som Livre, lado B de outro frevo no mesmo estilo, O Homem da Meia-Noite (parceria com Alceu Valença) Quatro anos mais tarde, Carlos Fernando, com Geraldo Azevedo, deflagraria o projeto Asas da América, um disco com frevos, quase todos inéditos. Dez tinham a assinatura de Carlos Fernando (só ou com parceiros), e um de Edgard Moraes (Valores do Passado, 1962). Foi solenemente ignorado pelas emissoras de rádio recifenses.

Pois neste sábado, 27 de maio, 44 anos depois do primeiro álbum do Asas da América, será tocado muito Carlos Fernando no terceiro andar do Paço do Frevo (na Praça do Arsenal, Bairro do Recife), a partir das 17h. Os frevos de Charles, como o chamavam os amigos, ficam a cargo da Banda de Frevo Elétrica, que anima o cordão carnavalesco Quero Ver Quem Vai, criado em 2015, com o intuito de tocar frevos de autores do nível de Carlos Fernando.  O grupo, com participação especial de Beto do Bandolim, apresenta o show especial O Homem Que Fez O Frevo Voar, com o repertório pinçado da obra do compositor caruaruense (falecido em 2013, aos 75 anos).

Um show que não ter apresentação única. Aliás, outros intérpretes e grupo devem recorrer ao legado de Carlos Fernando, que continua muito pouco conhecido pela maioria dos conterrâneos. Todos os discos do Asas da América encontram-se fora de catálogo, com exceção, talvez, da coletânea, da Polydisc, na série 20 Supersucessos.

Os ingressos custam R$10 e R$5