Pernambuco perde o violonista Henrique Annes

Henrique Annes, um dos mais importantes violonistas do país, faleceu no início da noite desta segunda-feira, no Hospital Sta Terezinha, na Avenida Caxangá. A informação é de que foi vítima de um infarto. Tinha completado 75 anos em 25 de julho. Além de uma discografia refinada, tanto solo, quanto em grupos, como o Orquestra de Cordas Dedilhadas, Annes abrigava a memória de mais de cinco décadas do violão em Pernambuco. Menino prodígio, desde os 14 anos conviveu com lendas dos instrumentos de cordas, Zé do Carmo (a quem dedicou um álbum inteiro), Alfredo Medeiros, Dona Ceça, Rossini Ferreira, Romualdo Miranda, e Canhoto da Paraíba. Foi com Canhoto que ele estreou em disco, aos 22 anos. Dividiu com Chico Soares o álbum Único Amor, lançado pela Rozenblit, em 1968. Henrique Annes não era apenas testemunha ocular de muita história, ele deixou um precioso acervo com gravações raras dos muitos músicos com quem conviveu.

Em 4 de dezembro de 2019, fomos eu e o produtor Amaro Filho bater um papo com Henrique, no apartamento e quem vivia com a esposa, no Bairro das Graças, na Zona Norte da cidade.  Na verdade, fui entrevista-lo prum livro que eu terminava na época. (cujo lançamento continua postergado por causa da pandemia). Um livro que conta duas viagens. A de Vassourinhas para o Rio em 1951, a maior, e mais tumultuada, epopéia do carnaval brasileiro, e a viagem, de seis dias deduração, num jipe, de um grupo de instrumentistas para a casa de Jacob do Bandolim, em Jacarépaugá, no Rio, em 1959 (parte deles está entre os nomes acima citados).

Foi uma entrevista fantástica, Annes detalhou histórias, tocou trechos de cassetes, era uma pessoa que gostava de conversar, e tinha assunto. Além de muito bem humorado. Já está fazendo muita falta

Nesta terça-feira, telestoques.com terá uma matéria longa, como o talento de Henrique Annes merece.

2 comentários em “Pernambuco perde o violonista Henrique Annes

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  1. Conheci Henrique Annes e fiz algumas boas entrevistas com ele. Era um mestre da escola pernambucana do violão, um idealista. Resgatou a obra de Zé do Carmo e de outros mestres, como os irmãos Luperce e Romualdo Miranda. Excelente compositor , gravou poucos discos, mas que são imprescindíveis. Também liderou a Orquestra de Cordas Dedilhadas. A produtora e melômana Anna Catarina Galvão fez o que pode para ver se a carreira de Annes decolasse. Se um violonista concertista, solista, não é fácil no Brasil. Annes foi prodígio, começou cedo na Rádio Jornal. Tocou com os maiores, sendo um dos grandes. Fez algumas belíssimas apresentações do Concerto de Aranjuez, de Joaquim Rodrigo, no Santa Isabel (pena que não tivesse uma microfonação adequada). Era uma ótima conversa, boêmio, acompanhou por muitos anos os saraus do ex-prefeito Gilberto Marques Paulo, seu grande amigo. Tinha uma mágoa antiga com Cussy de Almeida, por conta do Conservatório Pernambucano de Música.

    Que descanse em paz, mestre e amigo Annes.

    Eis uma ótima entrevista de Henrique Annes feita por Lourdes Nassif,

    https://jornalggn.com.br/editoria/cultura/henrique-annes-genio-e-memoria-do-violao-brasileiro/

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    1. fiz uma última entrevista com ele, em dezembro de 2019, pedi pra comentar os estilos dos grandes instrumentistas com quem conviveu. Está no texto do livro que escrevi sobre a Viagem deVassourinhas ao Rio, e dos chorões dos anos 50 à casa de Jacob em Jacarepaguá

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