MC5, a banda mais politizada dos anos 60, volta à estrada e ao disco depois de meio século

Está de volta a MC-5, banda que tinha como mentor o Ministro da Informação  dos Panteras Brancos, John Sinclair (que ganhou música de John Lennon, quando foi recolhido à prisão). O grupo se reuniu e gravou duas músicas inéditas, o que não fazia há 50 anos. Lançará também um álbum, o primeiro em 51 anos. A energia visceral que  o grupo descarregava no palco,  o tornou celebridade, numa época de muitas bandas célebres. Sem disco lançado o MC5 teve direito, em 1969, à cobiçada capa do jornal Rolling Stone, órgão mais bem sucedido da contracultura americana.

O LP Kick Out the Jams foi lançado em 1969, é o registro de um show, com discurso de John Sinclair na abertura. A crítica do LP foi assinada pelo polêmico Lester Bangs que destroçava grupos que hoje são lendas, e elevava às alturas bandas de garagem que sumiram, como a Count Five, só ainda lembrada pelos elogios que lhes foram concedidos por Bangs. A MC5 era uma banda de garagem, que tocava um rock furioso, de mínimos acordes. Mas o crítico  mordia e assoprava. Tocava o som que Lester Bangs apreciava, barulhento e básico, mas ele via como suspeita a pretensiosa a mensagem política radical de esquerda do grupo.

O MC5 foi uma banda que entrou em cena já em combustão, e o fogo durou pouco tempo.  Em 1972 os integrantes debandaram, para empreitadas menos badaladas ou gloriosas. Wayne Kramer (o careca no centro da foto) chegou a pagar pena numa penitenciária por tráfico de drogas. Ralou como músico, como carpinteiro, mas teve sua influência reconhecida nos anos 90, por bandas como Rage Against the Machine ou Pearl Jam. Assim não faltou gente para compor o grupo neste retorno, de certa forma, oportuno. A banda mais politizada dos anos 60 nos EUA retorna para encarar a polarização por onde passará. numa turnê que já tem vários shows agendados por cidade americanas.

Wayne Kramer, aos 74 anos, terá com ele nos palcos uma banda com nome feito Don Was (Was Not Was, na qual Kramer foi guitarrista), Tom Morello (Rage Against the Machine), Steve Salas (David Bowie), Stephen Perkins (Jane’s Addiction). Matt Cameron (Pearl Jam), Brandan Cantty (Fugazi), Kim Thail (Soundgarden). Além de Kramer, apenas outro integrante da formação original, o baterista Dennis “Machine Gun” Thompson, que participou da gravação das canções inéditas. Com o status de lenda, e politização de jovens de grandes cidades, a MC5 poderá ser a sensação do mercado de shows de rock nos EUA em 2022, mesmo que o nome mais apropriado ao grupo deveria ser tomado de empréstimo a Ringo Starr: Wayne Kramer and his All-Star Band.

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