Celista Sheku Kanneh-Mason ignora linha divisória entre e pop e erudito no álbum Song

Além do excludente rótulo “erudita”, ou “clássica”, a música de concerto reforçava as diferenças em relação à música popular pelas capas sisudas, de telas de pintores do passado, ou instrumentistas de traje a rigor. Tem já um bom tempo que as capas deste nicho tornaram-se mais leves, e os repertórios mais abrangentes. É o caso do álbum Songs, do inglês (com raízes familiares em Serra Leoa, na África) Sheku Kanneh-Mason. O título do álbum aponta para a abertura do virtuoso celista, que não se limita a gravar autores consagrados da música clássica. Aproxima, entre outros, Paul Simon, e Burt Bacharach de Beethoven, Bach, Stravinski, e estes do folk celta, como Myfanwy, tema originário do País de Gales.

Sheku Kanneh-Mason tampouco se limita a gravar com músicos eruditos. Toca com gente vinda do jazz, no caso, o pianista também britânico Harry Baker, presença constante no mais refinado club de jazz londrino, o Ronnie Scott’s. Ele e Sheku Kanneh-Mason tocam em dupla em festivais de jazz e de música clássica. Também no disco a soprano sul-africana Pumeza Matshikiza, e o cantor/compositor anglo-marroquino Zak Abel. Aliás, como a monarquia britânica está em alta no noticiário, vale ressaltar que Kaneth-Mason tocou na cerimônia de casamento do príncipe Harry e Meghan Markman.

O repertório mescla I Say a Little Prayer (de Bacharach, megahit na voz de Aretha Franklin), com a peça inédita Five Preludes, do compositor inglês Edmund Finnis, composta especialmente para Sheku, mais peças de Villa-Lobos, Mendelssohn, Massenet. .

Sheku Kanneh-Mason venceu o BBC Young Musician, em 2016, o primeiro negro a ganhar o prestigioso prêmio. Quando estava com 17 anos, foi agraciado pela rainha Elizabeth II com o MBE (Membro do Império Britânico, honraria que foi alvo de polêmicas, quando foi concedida aos Beatles em 1965. Assim como a capa, despretensiosa, Sheku vem derrubando barreira erguidas entre a música dita erudita e a popular Sheku também mantém parcerias de palcos com o violonista brasileiro, de Itanhaém (SP), Plinio Fernandes que participa da faixa Scarborough Fair, hit de Simon & Garfunkel em meados dos anos 60. Um disco que  é um deleite.

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