Crônica: Enquanto o Black Sabbath passava a usar este nome, o filme homônimo era roubado de um cinema em Caruaru

O Black Sabbath pode não ter sido o pai do heavy metal, mas foi o que delineou o gênero, com um estilo que influenciou muita banda. Não apenas na música, mas na ligação com o sobrenatural, meio filme B de horror, da Hammer, lendário estúdio inglês que produziu os clássicos de Christopher Lee como Drácula, e Peter Cushing como Van Helsing. Famoso também pela série Vampira Lésbica, título apelativo para filmes inspirados pelo clássico gótico Carmilla, do irlandês Sheridan Le Fanu (1914/1873).

Um belo dia, em agosto 1969, um grupo inglês, de Birmingham, acabava um ensaio em um estúdio da cidade. Os integrantes estavam na calçada conversando sobre um novo nome para a banda, que se chamava Earth, e era confundida com um grupo homônimo também da Inglaterra. Do outro lado da rua um cinema exibia o filme Black Sabbath, com Boris Karloff, uma produção italiana, de1963, dirigida por Mario Brava (o título original é I Tre Volti Della Paura, ou As Três Faces do medo). Teria sido Iommi quem sugeriu batizar a banda de Black Sabbath, e usar a temática gótica nas canções e no visual. O acaso fazendo das suas.

Black Sabbath, o disco foi lançado numa sexta-feira 13 de fevereiro de 1970. O grupo logo ganhou fama de satanista, e tudo não passava de uma brincadeira. Mas levada a sério. Daí em diante, foram surgindo bandas na mesma linha, com capas cada vez mais tétricas, de acordo com a vertente de heavy metal que tocavam. Vertentes estas que foram desdobrando-se ao longo dos anos, death, thrash, doom, metalcore, alt, black, stoner e por aí vai.

CARUARU

No Brasil, Black Sabbath recebeu o título de As Três Máscaras de Horror. Um ano antes de o filme emprestar o nome em inglês ao grupo de Ozzy Osbourne & Cia, em agosto de 1968, foi programado para ser exibido em Caruaru, no Cine Santa Rosa. Eis que entra em cena um homem chamado Dorival, que se apresentou como empresário do cantor Wanderley Cardoso, que iria se apresentar no cinema, o que era muito comum na época.

 Em vez de simplesmente comprar um ingresso e assistir ao filme, esse Dorival roubou a lata com a película de As Três Máscaras de Horror. Iniciou-se uma caçada para recuperar o filme.  Mal sucedida. Dias depois, uma matéria no Jornal do Commercio ostentava o longo título (quase uma matéria em si mesmo):

“Polícia ainda distante das Três Máscaras de Horror, de Boris Karloff, furtado no dia 27 do mês passado”. Um metal mistério em Caruaru. Por onde andará o Black Sabbath furtado há 54 anos do Cine Santa Rosa?   

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