Jeff Beck (1944/2023): “Pude me reinventar sempre porque nunca emplaquei um grande sucesso”

Só para quem cresceu com o classic rock, rótulo para a música inglesa ou americana, feita entre 1965 a 1975, demorou a cair a ficha ao tomar conhecimento da morte do guitarrista Jeff Beck, aos 78 anos. Ele se tornou conhecido quando substituiu Eric Clapton, já uma grife do instrumento, em 1965, no Yardbirds. Sairia um ano depois, quando fundou sua própria banda, que teria Rod Stewart nos vocais.

Em 1969, dispensou o festival de Woodstock, não entrou no Pink Floyd, por causa de um desencontro. Era o primeiro da lista para ser convidado, mas só soube quando David Gilmour já estava no grupo. Rick Wright revelou que conversaram pessoalmente. Mas Jeff Beck não disse que sim, nem que não. Também não aceitou convite para entrar nos Rolling Stones, em 1976, às vésperas da gravação do álbum Black and Blue. Sugeriu que convidassem Ronnie Wood (que já tocara em parte de It’s Only Rock and Roll em 1973)

Jeff Beck mudava a cada disco, dizia que estava continuamente experimentando, e que isto só lhe era possível porque nunca teve um grande hit: “Daí não corria o perigo de decepcionar os fãs ao entrar por outros caminhos sonoros”. São muitos os que consideram Jimmy Page e Eric Clapton melhores do que Jeff Beck. Porém Page e Clapton consideram Beck melhor do que eles.

O currículo de Jeff Beck é extenso, começou a virar lenda a partir do Yardbirds, vieram depois o seu Jeff Beck Group, e daí o Beck Boggert & Appice, mais colaborações com uma lista quilométrica de pequenos, médios e grandes nomes do rock nas décadas a seguir, destacando disco e turnê com sua contraparte no teclado, o tcheco Jan Hammer, entre 1982 e 83.

Polêmico, de dizer o que pensa, e temperamental, Jeff Beck abria-se em entrevistas, através das quais sua biografia pode ser escrita. A seguir trechos de algumas delas:    

 – É ferramenta de grande inspiração e tortura ao mesmo tempo,  porque está sempre ali lhe desafiando a encontrar algo a mais nela, e está lá se você for procurar (sobre guitarras)
– Minha Strat é outro braço, parte de mim. Não a sinto de forma alguma apenas como uma guitarra, é minha voz. Já uma Les Paul é  uma guitarra. Toco diferente nela, mas como qualquer pessoa. A Strat, assim que pego dá liga, ela gruda em mim e eu nela.(sobre seu modelo preferido de guitarra Fender Stratocaster. Mas começou com uma Gibson Les Paul)

Decidi não chatear mais ninguém com jazz. Coisas feito Blow by Blow é jazz adulterado, mas eu não pensava assim na época. Acho que então eu queria me firmar. Precisava tocar melodias, não uma sequencia de barulho abstrato. Precisava de uns acordes bonitos para que as pessoas ouvissem com mais atenção. Porém não deveria ter feito Blow by Blow. Não deveria ter feito nenhum deles porque são simplesmente equívocos gravados.(sobre sua fase fusion. Blow by Blow é seu  disco mais bem sucedido comercialmente).

Quando vi Jimi Hendrix sabia que a gente estava com um problema. E por “a gente” quero dizer eu e Eric (Clapton), porque Jimmy (Page) não estava na roda ainda. Vi uma de suas primeiras apresentações na Inglaterra, e foi totalmente devastadora. Ele fez todos os truques sujos – incendiar a guitarra, tocar com ela nas costas, todas as firulas para colocar a última pá de cal no nosso caixão (…) Foi como uma bomba destruindo tudo. Sai dali pensando que teria que procurar outra ocupação (sobre o impacto que Jimi Hendrix causou aos guitarristas ingleses em 1966, quando se estabeleceu em Londres).

Não gosto do anos 60 e 70. Odeio. Em meados dos anos 60 foi legal, porque todo dia rolava um furacão nos Yardbirds, eu via aquilo com desdém. Ao meu redor havia um bocado de coisas que não tinha nada a ver comigo, feito o flower power, ou as horrorosas calças boca de sino (sobre o que se considera os anos dourados do rock).

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