Frevo, meu bem – Con Usteds, Bienvenido Granda, “El Bigote que Canta”, en Yo Quiero El Frevo!!!

Yo Quiero El Frevo, frevo canção em espanhol, gravado pelo cubano Bienvenido Granda, em 1957, no estúdio da gravadora recifense Rozenblit, no bairro de Afogados é conhecido de poucos. Menos ainda sabem quem foi Bienvenido Granda, e como veio dar com os costados na gravadora pernambucana. O cantor se tornou conhecido como vocalista da Sonora Matancera, uma das orquestras mais populares de Cuba, fundada em 1924, e pela qual passaram muitos vocalistas, dos quais os mais famosos foram ele, Bienvenido, e Celia Cruz. Ambos saídos de Cuba quando Fidel Castro tomou o poder.

Bienvenido Granda passou doze anos como crooner da Sonora Matancera.  Em 1954 iniciou uma carreira solo de muito sucesso, inclusive nos Estados Unidos. Devido ao portentoso bigode ganhou o epíteto “El Bigote que Canta”, “O Bigode que Canta”. Foi um dos mais populares cantores do bolerão mexicano. Morou no México até o final da vida. Faleceu há 40 anos.

No auge do sucesso, em agosto de 1957, Bienvenido Granda veio pela primeira ao Brasil, e cantou no Recife, trazido pela Rádio Tamandaré, com apoio da Rozenblit. E aqui se faz necessário ressaltar o papel importante na disseminação dos ritmos caribenhos, no Norte e Nordeste, pela Rozenblit. Conhecida como a gravadora do frevo, na verdade, cujos discos, obviamente, só lançava para o Carnaval, a empresa, de filiais no Rio, São Paulo e Porto Alegre, lançava todos os gêneros e estilos então em voga. Além disto, distribuía no Brasil o catálogo de duas gravadoras americanas, a Mercury e a Seeco.

Este última sediada em Nova Iorque, e especializada em música hispânica, sobretudo caribenha e do México. Parte dos suingados ritmos do Norte brasileiro tem influência dos LPs e compactos da Seeco que a Rozenblit distribuía na região. No Recife a música era a “coqueluche” das gafieiras suburbanas. A domingueira cubana do Alto Santa Terezinha, comandada por Valdir Português e Edinho Jacaré, desde os anos 90, é fruto desses discos. Bienvenido Granda, não por acaso, foi artista contratado da Seeco.

Bienvenido cantou na Rádio Tamandaré e no Clube Náutico Capibaribe. Aproveitou uma folguinha e foi até à Estrada dos Remédios, onde ficavam as instalações da Rozenblit para gravar um LP (como foi anunciado na imprensa do Recife). Nessas sessões gravou o frevo Yo Quiero El Frevo, do maestro Nelson Ferreira, que o acompanhou com a orquestra da Rozenblit (o maestro Duda tocou nessa sessão). Há poucas informações sobre este pioneiro frevo em espanhol. A letra provavelmente foi traduzida, ou pelo próprio Bienvenido, ou por alguém da sua equipe.

Ele fez uma pequena e intensa temporada no Recife, concedendo entrevistas com exclusividade à Rádio Tamandaré, no programa Noite de Festa, de Fernando Castelão, patrocinado pelo refrigerante Sukita. Na época, Bienvenido Granda estava em primeiro lugar nas paradas brasileiras, com o bolero Morena. Cerca de dez mil pessoas formaram filas quilométricas para assistir ao cantor cubano, que realizou quatro apresentações no auditório do imponente Palácio do Rádio Oscar Moreira Pinto, na Avenida Cruz de Cabugá, área central do Recife.

Yo Quiero El Frevo caiu na obscuridade, e voltou à tona como faixa do disco Centenário do Frevo – Festa na MPB, lançado pela Cia Editora de Pernambuco (Cepe), em 2007, ano em que o frevo chegou, oficialmente aos cem anos.

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